terça-feira, 9 de agosto de 2011

É sorrir e desabafar



Primeiro, a grande notícia de que você vai poder estudar no exterior.
Depois, a saga.
Tenho 23 anos e resolvi me aventurar em um mestrado fora do Brasil. Aprender direito outra língua, conhecer pessoas diferentes, morar em uma cidade que não parece em nada com a sua… Tudo isto é tão saboroso quanto bizarro. Escolhi a França. Paris. Um mestrado em América Latina, na Sorbonne. Claro: brasileira, latino-americana e corintiana que sou, jamais gastaria meu tempo estudando os franceses. (Mesmo amando seus metrôs, suas boulangeries e o cheiro de crepe de Nutella que tem esta cidade, como bem disse uma grande amiga).
Além de procurar um curso de francês, eu, que viajei casadinha ou, como diria minha vó, ‘amancebada’, procuro por casa e trabalho. Após três semanas de adaptações, pintou a primeira tarefa remunerada: cuidar do bebê de um vizinho. O “petit” tem pouco mais de um ano e um par impecável de olhos azuis. Tudo me agradou muito, mas, ao mesmo tempo, me colocou mil coisas na cabeça…
Dit-moi: como existe um bebê neste mundão de meu Deus que tem uma babá jornalista, que fala três línguas, é mestranda da Sorbonne e já trabalhou em três dos principais veículos brasileiros de comunicação? Como isso acontece?
Observando a maneira que nos olham, as tarefas que podemos desenvolver deste lado de cá do Atlântico, arrisco afirmar que, como os orientais, negros, árabes e indianos que colorem as ruas desta e de outras cidades importantes do mundo, somos, ainda, nada mais que simples seres colonizados. Um grupo que ainda corre do prejuízo que nos causaram e que, dentro da luta diária, ainda esbarra (eufemisticamente falando) neste “serviçalismo”. Essa coisa com gosto de escravidão e peso do pensamento “emergente” à qual só as letras no nosso passaporte já são suficientes para nos designar.

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